Ilha de Ano Bom
Ano Bom (Annobón, em espanhol) é uma pequena ilha de origem vulcânica, no Golfo da Guiné, distante 565 km a sudoeste da parte continental da Guiné Equatorial e a cerca de 200 km a sul de São Tomé.
Tem 17,5 km² de área e o ponto culminante é Quioveo, com 598 metros de altitude. A Ilha de Ano Bom é uma das sete províncias da Guiné Equatorial, com capital em San Antonio de Palé. O outro município da Ilha é Mábana, antiga San Pedro.
A Ilha foi descoberta por navegadores portugueses por volta de 1475, em 1º de janeiro, dia de ano-bom. Era, então, desabitada. Em 16 de outubro de 1503, o rei D. Manuel I concedeu ao fidalgo Jorge de Melo, a capitania da ilha de Ano Bom. A partir de 1543, foram introduzidos escravos para a agricultura e que já falavam o crioulo, um misto de português com dialetos africanos e que era uma espécie de língua franca na África dominada por conquistadores portugueses. A partir da segunda metade do século 16, a Ilha tornou-se uma opção de abastecimento para os navegadores portugueses, mas pouco adotada. A produção da Ilha era principalmente o algodão. Em 1599, Ano Bom foi atacada por holandeses famintos (veja ilustração abaixo).
Com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), a ilha passou ao domínio espanhol, mas os habitantes de Ano Bom, acostumados com grande isolamento, tinham alguma animosidade para com os europeus, principalmente por questões religiosas. A colonização europeia na Ilha nunca foi grande e os anobonenses desenvolveram seus próprios rituais e crenças, embora se dissessem cristãos. A Ilha ficou praticamente isolada até o início do século 21.
Em 1909, Ano Bom foi unida aos demais territórios espanhóis na área do Golfo da Guiné, formando a Guiné Espanhola. Após a independência da Guiné Equatorial, em 1968, a Ilha foi designada como Pagalu (papagaio), por algum tempo.
A língua nativa falada em Ano Bom é o fá d'ambô (falar de Ano Bom) ou anobonês, uma variação do crioulo (veja quadro, ao lado), com raízes no português falado no século 16. Essa língua é hoje um patrimônio cultural lusófono e foi a razão principal para que a Guiné Equatorial se tornasse, em 2014, o nono país membro, de direito pleno, da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa. Na Ilha fala-se também o espanhol, mas como segunda língua.
A partir dos primeiros anos do século 21, Ano Bom recebeu grandes investimentos, buscando principalmente o desenvolvimento do turismo e da indústria pesqueira. Em 2013, foi inaugurado o Aeroporto Internacional em San Antonio de Palé.
O Crioulo
Na época da colonização lusitana, o termo crioulo era usado pelos portugueses para designar uma cria em terras colonizadas.
A exploração lusitana da costa ocidental da África começou, em 1421, pelo Infante D. Henrique. Nas décadas seguintes, os portugueses foram gradualmente expandindo suas conquistas, ao sul do Continente, e chegaram no Golfo da Guiné, nos anos 1470. No final do século 15, chegaram às Índias.
Experientes colonizadores, os portugueses adotaram uma espécie de língua geral para a África, que tinha base no português e incorporava expressões nativas de cada região. O mesmo conceito foi usado no Brasil, mas a base era o tupi, uma língua dominada pelos jesuítas.
Essa língua geral na África recebeu o nome de crioulo e atendia as necessidades básicas de comunicação, entre os portugueses e os nativos africanos.
Na África formaram-se os crioulos da Alta Guiné (em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Casamansa) e os do Golfo da Guiné (em S. Tomé, Príncipe e Ano Bom).
Além desses, existem as variedades do crioulo faladas na Ásia e em ilhas do Oceano Índico, como o caso da Maurícia, que se tornou um observador associado da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa.
O crioulo teve sua maior expressão em ilhas colonizadas pelos portugueses, pois, além do isolamento, escravos eram trazidos de diferentes partes da África, existindo, assim, uma necessidade comum: uma língua padrão local, o crioulo. Entre essas, a mais isolada foi Ano Bom.
Além do crioulo de base portuguesa, existem os crioulos de base francesa, espanhola, inglesa, holandesa e árabe.
Ataque holandês em Ano Bom, em 1599. Ilustração de 1617, original na Koninklijke Bibliotheek, em Haia. Navios holandeses navegavam no Oceano Atlântico e necessitavam de suprimentos. Decidiram, então, desviar do curso e desembarcar em Ano Bom para abastecimento. Os portugueses, que eram muito poucos, não permitiram o desembarque, os holandeses atacaram e invadiram a Ilha. Os portugueses fugiram, com seus escravos, para as colinas. Os holandeses ficaram por cerca de um mês na Ilha e seguiram para a América.
Instalações do Hotel Annobón (divulgação).
San Antonio de Palé visto do oceano.
Instalações do Aeroporto de San Antonio de Palé.
Aeroporto de Ano Bom.
San Antonio de Palé e seu aeroporto.
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Ilha de Ano Bom
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Por Jonildo Bacelar