Castelo de Arguim
A Ilha de Arguim (Arguin, em francês, que é uma corruptela do árabe) fica na costa norte da Mauritânia, atualmente parte do Parque Nacional do Banco de Arguim, um patrimônio mundial na lista da Unesco. Foi referida como Ilha de Ergim, na Chronica do Descobrimento e Conquista de Guiné, de Gomes Eanes de Zurara (1410–1474).
O Castelo de Arguim foi o primeiro posto dos portugueses ao sul do Cabo Bojador, na costa do atual Saara Ocidental. Os europeus não ousavam ultrapassá-lo, pois existia todo tipo de superstição, até que D. Henrique forçou Gil Eanes, na tarefa, em 1434. A conquista deste posto foi muito importante para os negócios dos portugueses. Ali, comerciavam ouro, goma arábica, escravos e outros itens. Arguim era também um centro pesqueiro. Sua importância foi demonstrada, nos séculos 17 e 18, quando sua posse foi disputada entre portugueses, holandeses, ingleses e franceses.
Em 1442, os portugueses contornaram o Cabo Branco. Em 1443, Nuno Tristão explorou o Golfo de Arguim. A região era, então, habitada por mouros negros. Por volta de 1445, os portugueses instalaram uma feitoria na Ilha. Existia água doce em abundância na ilha e fartura de peixes no Golfo.
A construção do Castelo de Arguim foi iniciada em 1448, a mando do Infante D. Henrique. Foi concluído, em 1461, pelo fidalgo Soeiro Mendes de Évora, que recebeu de D. Afonso V, em 26 de julho de 1464, carta que lhe conferia a capitania-mor da Ilha de Arguim. Nos anos 1480, o Castelo foi ampliado.
Posteriormente, os portugueses avançaram pelo Saara e fundaram uma feitoria em Ouadane, em 1487, distante cerca de 350 km de Arguim.
Com a conquista da Guiné, na segunda metade do século 15, Arguim foi perdendo, em importância, para os portugueses. No início do século 16, o Castelo de Arguim abrigava 41 pessoas, sendo 18 soldados e 5 marinheiros.
Com a fundação da Cidade do Salvador, no Brasil, em 1549, houve um novo arranjo das navegações portuguesas no Atlântico. Na carreira das Índias, os navios passavam por Cabo Verde e pela Bahia, contornando a corrente do Golfo da Guiné. Em 1569, existiam apenas cerca de 30 pessoas em Arguim.
Em 1580, ocorreu a União Ibérica. Em 1588, faleceu Diogo de Miranda, o Comendador de Arguim. Em 1592, o Rei de Portugal Felipe I (Felipe II da Espanha) confirmou a posse do Castelo, pescaria e Comenda de Arguim ao Conde de Atouguia, João Gonçalves de Ataíde, que fora cunhado Diogo de Miranda.
Em 1595, o Castelo de Arguim foi saqueado por uma expedição francesa, que vinha de La Rochele e seguia para atacar a Cidade do Salvador. Os franceses teriam se apoderado da imagem do santo do Castelo. Segundo a tradição, esse santo apareceu na Bahia e transformou-se no padroeiro de Salvador: Santo Antônio de Arguim.
No início do século 17, existia uma vila de mouros, com cerca de 200 habitantes, perto do Castelo. Em 1607, o Castelo foi reestruturado, tornando-se uma fortaleza, com projeto do engenheiro Leonardo Torriani.
Em 29 de janeiro de 1633, três navios holandeses, da Companhia das Índias Ocidentais, chegaram perto de Arguim. Tomaram uma embarcação dos mouros, que lhes indicaram a localização do Castelo. Em 5 de fevereiro, estando em grande desvantagem militar, os portugueses renderam-se e os holandeses ocuparam o Castelo.
Em 1665, os ingleses a tomaram dos holandeses, que a retomaram depois. Em 1678, chegaram os franceses. Nas décadas seguintes, ocorreram conquistas, reconquistas e abandonos do Castelo de Arguim. Nesse processo, o Castelo sofria com os ataques, até que, em 1728, os franceses o explodiu e abandonaram Arguim.
Planta da Forte de Arguim, em 1721.
O Castelo de Arguim em ilustração de Johannes Vingboons, em 1665, provavelmente o mesmo construído pelos portugueses (clique para mais informações).
Baía de Arguim
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Castelo de Arguim
Fonte (editada): USGS/Coastal and Marine Geology Program.
Map from National Geographic's MapMaker Interactive (editado)
Por Jonildo Bacelar